quinta-feira, novembro 30, 2006

Lúcia, volta para o festival da canção!!!

Para aquilo que o meu organismo gosta, a minha rotina diária ultrapassa todos os limites estabelecidos à nascença.
Já a noite ia alta no Bairro Alto quando resolvi "aparecer". Rezam as crónicas que a minha mãe se torcia por todos os lados há muitas horas e dizia em voz de barítono: "saaaaaaaaaaaiiiiiiii". Mas não, com essa não me convenceram. Cá fora estava frio e eu já me aconchegara por aqueles lados. Além do mais, o gajo da bata branca fazia-me uma espera para me aplicar o chamado "tau-tau", seguido de choro (meu) e sorriso (dele).
Podia ser novo, mas não era parvo. No entanto, depois de mais umas voltas no carrocel resolvi fazer a vontade à minha mãe e vim ver afinal o que havia de tão engraçado cá fora. A marca desse momento ficou.
Na minha memória ficou o registo de que deitado e quente é que estou bem e ao longo dos anos tenho-me esforçado por ser justo com a história.
Levantar da cama (onde estou deitado e quente) é para mim a tarefa mais difícil das várias que constituem o comportamento humano. Normalmente, dou-me ao trabalho de perder 1 min a adiar o despertador 1m e achar que nesse 1m, realmente descanso algo. Eu sou tão preguiçoso que todos os dias o meu primeiro pensamento é: "como é que me desenrasco para ficar aqui mais 3h???"
A única forma de conseguir cumprir horários é usar os transportes públicos. Isso faz com que o meu segundo pensamento quando acordo seja: "se não estou às 6.30h na estação perco o comboio!". Aí sim, entro nos últimos "só mais 5 min" e levanto-me pronto a bater mais um record de tempo.
Neste momento a minha melhor marca está em 10 min (banho+vestir+peq.almoço comido em duas dentadas) e 11 se tiver que meter gel e dar 4 dentadas no pão.
Com este ritmo/rotina, chego à noite de sexta-feira e o que quero mesmo é desligar o cérebro e vegetar. Como adoro cinema, essa é normalmente a segunda companhia escolhida para essa noite. No "king" cá do sítio ou na sala lá de casa, há sempre um filme que me apetece ver e que acho apropriado para o momento de relax. É também nessas alturas que dou a oportunidade aos filmes "SIC-domingo-à-tarde" de me passarem pelos olhos. Não obrigam a pensar e isso é o que quero nestes momentos.
Por norma, a 6f é uma bom dia para ver filmes na TV. A oferta é variada e a qualidade razoável.
Na semana passada, davam em simultâneo (mais ou menos): "O Santo" (Val Kilmer, E.Shue), "Love actually" (Hugh Grant, Emma Thompson,Liam N.), "What Lies Beneath" (H.Ford, M.Pfeiffer) e mais 2 ou 3 que agora não me lembro.
Recordo-me que já os tinha visto todos excepto o "Love actually". Já sabia que era um filme "Hugh Grant", mas recordava-me de ter sido muito falado em Portugal no natal de 2003 (provavelmente por causa da participação da Lúcia Moniz) e pensei que podia ser um bom "desligar-de-fim-de-dia".

(tudo o que foi dito antes era a parte introdutória, o que eu queria mesmoooooo partilhar vem agora)

Enganei-me. O filme é um "Hugh Grant" típico, com tudo o que isso pode ter de mau e sem o sorriso da J. Roberts. Mas o pior mesmo foi ver o papel da Lúcia Moniz. Todo o argumento retrata aquela comédia(s) romântica(s) que não aquece nem arrefece (mas ajuda a adormecer) excepção feita ao papel da Lúcia Moniz. Foi aqui que fiquei incrédulo com a publicidade que o filme teve no nosso país.
Nós, Portugueses, somos retratados de uma forma que nem o Kusturica se lembraria para os ciganos bósnios.
Numa das cenas finais, um inglês vai até à cidade onde a personagem da Lúcia M. vive. Se bem percebi retrata a comunidade portuguesa de Marselha. São todos gordos, de bigodes farfalhudos, a filha grita com o pai, chama estúpida à irmã (sempre a falar como uma varina), o pai quase que vende a filha, enfim, juntam no mesmo quadro tudo o que de mau existe no nosso povo e distorcem com exagero e mau gosto a nossa realidade. Senti-me revoltado.
Porque raio teve esse filme tanta publicidade em Portugal se no meio daquela história de "love is in the air" somos caricaturados como vendedores de camelos???
Passou-me o sono. O objectivo de descanso e relax não foi atingido.

5 comentários:

Rui Silva disse...

Pois é, agora vou ter de ver esse filme, fiquei curioso.

Anónimo disse...

Em relação a imagem dos portugueses, se pensarmos bem era assim com os emigrantes dos anos 60 e 70, ignorantes, porcos, com ambição de serem ricos, chiques só porque eram "franceses", actualmente já não assim, graças adeus. Só tu algum dia virem quem é o argumentista irás perceber que ele pela idade que tem só conheceu essa dita geração, por isso não me choca tal apresentação no filme. Digamos que a unica personagem portuguesa quem tem um minimo de intelegência é sem dúvida a personagem interpretada pela Lúcia Moniz.

Inês disse...

Eu odiei a imagem que passou dos portugueses. Aliás, quando estava em Erasmus, numa das noites, calhou de os espanhóis verem esse filme e nas semanas seguintes só falávamos disso. Foi difícil explicar-lhes que Portugal não é realmente assim... e são espanhóis! Seria ainda mais difícil explicar isso a pessoas de países que estão bem longe de nós. Fiquei bastante revoltada por ficar a pensar que realmente acham isso de nós.

clara disse...

tambem vi esse filme, mas na altura em que foi lançado e gostei apesar de ser muito simplista. Os portugueses sao representados de uma forma real, ha muitas comunidades emigrantes assim. É uma pena, mas é mesmo verdade. É excessivamente redutor, mas o que e que haviamos de esperar com as estatisticas que presenteamos o mundo?

Sandrinha disse...

Mas viste a parte da declaração de amor á porta com os cânticos de natal de fundo?
Viste, viste?
Não é linda...

Lembra-te das cenas boas... é melhor!

;o)