quarta-feira, agosto 02, 2006

O principio do fim


A menos de duas semanas de celebrar 80 anos e depois de ter dito, ironicamente, que não pensava ficar no poder até aos 100 anos, Fidel Castro surpreendeu ao passar "provisoriamente" os seus poderes ao irmão mais novo e número dois do Governo, Raúl Castro. A medida sem precedentes na história do regime cubano foi tomada pela necessidade de o comandante se submeter a uma "complexa operação cirúrgica", devido à hemorragia provocada por uma "crise intestinal aguda". A notícia foi recebida com cautela em Havana, mas celebrada de imediato em Miami - onde se concentra a oposição no exílio. O Governo americano disse estar a "vigiar a situação", mas não querer "especular". Já o líder venezuelano, Hugo Chávez, desejou ao "amigo" as melhoras. O anúncio da passagem de poderes foi lido domingo à noite (madrugada de ontem em Lisboa) pelo secretário particular do líder cubano, Carlos Manuel Valenciaga. "Os dias e noites de trabalho contínuo sem dormir fizeram com que a minha saúde, que resistiu a todas as provações, se submetesse a um stress extremo e se debilitasse", refere o texto assinado por Fidel Castro. Nos últimos dias, o líder cubano deslocou-se a Córdova (Argentina), para a cimeira do Mercosul, tendo ainda visitado Altagracia, onde Che Guevara passou a infância. De regresso, presidiu às cerimónias do aniversário do fracassado ataque ao quartel Moncada. "Isto provocou-me uma crise intestinal aguda com hemorragias, que me obrigou a enfrentar uma complexa operação cirúrgica", escreveu Fidel. Há várias razões para a ocorrência destas hemorragias, não estando de parte a hipótese de cancro no cólon. "A operação obriga-me a permanecer várias semanas em repouso, afastado das minhas responsabilidades e cargos." Algo que em 47 anos de regime nunca tinha acontecido. Nem mesmo quando em Outubro de 2004 sofreu lesões graves ao tropeçar num estrado tendo, então, surpreendido pela a sua rápida recuperação. Mas perante o cenário actual "e como o país se encontra ameaçado nestas circunstâncias pelo Governo dos EUA", Fidel delegou "provisoriamente" as suas funções no irmão, Raúl Castro. Aos 75 anos, este assume os cargos de primeiro secretário do Comité Central do Partido Comunista de Cuba, de comandante das Forças Armadas Revolucionárias e presidente do Conselho de Estado e de Governo da República de Cuba.Para os críticos, Raúl "não possui as aptidões, nem os recursos mentais para controlar" Cuba. O ex-comandante da revolução Hubert Matos, exilado em Madrid, disse à rádio Caracol (Colômbia) que este não vai ser capaz de manter o poder: "O povo deve organizar-se para reivindicar de uma maneira ou outra os seus direitos e os exilados devem apoiá-lo."Outros cargos secundários passam para os ministros que detêm as pastas correspondentes. No comunicado, Fidel Castro pede ainda que os festejos do seu aniversário, a 13 de Agosto, sejam adiados para 2 de Dezembro - quando se assinalam os 50 anos do desembarque do Granma. Lembra também que a cimeira dos países não alinhados, que se realiza de 11 a 16 de Setembro, em Cuba, "deverá receber a maior atenção do Estado", dando a entender que não terá recuperado até essa altura. "Não tenho a menor dúvida de que o nosso povo e a nossa revolução lutarão até à última gota de sangue para defender estas e outras ideias e medidas necessárias para salvaguardar este processo histórico", diz o texto. "O imperialismo jamais poderá esmagar Cuba", conclui.

3 comentários:

angelaloura disse...

A ver no que dá...

Anónimo disse...

Se calhar vou ter de antecipar a minha visita a Cuba.

Tenho de conhecer Cuba com Fidel!

NOTA: Os Abutres já esfregam as mãos babando, à espera que o desgraçado morra. Estes Gajos são impressionantes!!!!

Tiago Franco disse...

Do outro lado já se fazem as contas aos lucros de voltar a transformar Havana num resort de casinos, hotéis e lavagem de dinheiro, como aconteceu nas décadas de 20,30,40 e 50.