Israel bombardeia Líbano e quer recriar zona-tampão
"O ministro da Defesa israelita, Amir Peretz, afirmou ontem que o Hezbollah - grupo xiita libanês - não voltará a ocupar posições junto à fronteira de Israel, o que poderá indiciar que o Estado hebreu se prepara para voltar a criar uma "zona de segurança" no Sul do Líbano.A declaração de Peretz foi feita horas antes de Haifa, a terceira maior cidade de Israel e o principal centro industrial do país, ter sido alvo de rockets lançados a partir do Sul do Líbano. Tratou-se da primeira vez que Haifa, a mais de 30 quilómetros da fronteira libanesa e com 275 mil habitantes, foi atingida por rockets do Hezbollah que, normalmente, apenas alcançavam cidades ou localidades mais perto da fronteira como é o caso de Kyriat Shmona ou Metula.O comandante da Resistência Islâmica, ala armada do Hezbollah, negou, entretanto, que os rockets que atingiram Haifa tenham sido lançados pelo seu grupo. A ser verdade, denuncia a existência de outro movimento mais bem armado e equipado do que a ala armada do Partido de Deus. O ataque a Haifa não provocou quaisquer mortos ou danos materiais, ao contrário do que ocorreu nos ataques a Safed e Nahariya, com uma vítima cada.
O País do Cedro encontra-se, desde a manhã de ontem, totalmente cercado (terra, mar e ar) pelas forças israelitas que procederam ao bombardeamento de várias pontes (17), do aeroporto, de várias bases aéreas - algumas junto à fronteira com a Síria - e ainda de centrais eléctricas. Trata-se da maior operação militar israelita contra o Líbano desde a "Vinhas da Ira", realizada em Abril de 1996.O bombardeamento do aeroporto provocou a fuga para Damasco de milhares de turistas, trabalhores sírios e cidadãos libaneses.A população do Sul do país tentava ontem também colocar-se a salvo dos ataques israelitas, iniciativa que lhe era dificultada pela ausência de pontos de passagem, dada a destruição das pontes. Ao final do dia, os bombardeamentos israelitas tinham feito 46 mortos, 17 dos quais crianças, e um número não identificado de feridos.
Na origem da operação israelita está o ataque lançado, quarta-feira, pelo Hezbollah contra militares junto à fronteira com o Líbano, que fez três mortos, e o sequestro de dois soldados. Israel reagiu de imediato, numa tentativa de impedir que os dois reféns fossem levados para fora do Líbano, concretamente para Damasco ou Teerão, entretanto responsabilizados pelo Estado hebreu por apoiarem o Hezbollah.Teerão e Damasco não responderam à acusação de Israel; o Irão limitou-se a afirmar que os militares sequestrados não se encontram no seu território. Nasrallah, líder do Hezbollah, revelou, entretanto, que os soldados não se encontram perto do Sul do Líbano - o que indicia que os raptores os conseguiram levar mais para o interior do país - e que seriam libertados em troca de prisioneiros árabes, libaneses e palestinianos.A mesma exigência tem sido feita pelo comando palestiniano que, desde 25 de Junho, mantém sequestrado o cabo Gilad Shalit na Faixa de Gaza. "
in DN
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