quinta-feira, março 31, 2011

O jogo


Comeco o meu dia sempre da mesma forma. Um balde de café e o Expresso. Irrita-me para lá de qualquer coisa esta história dos conteúdos bloqueados. Balsemão…não sejas maõzinha de vaca que te fica mal. Contudo, e como não tenho paciência para ler o Público ou o Diário de Notícias, acabo sempre por aterrar no mesmo sítio. Vejo uma notícia que ofende a alma lusa. Um artista qualquer do Financial Times diz que o Brasil deveria anexar Portugal absorvendo a sua dívida. Seríamos, para este génio da matemática, um estado brasileiro ligeiramente mais afastado de Copacabana. Eu ainda pensei que o rapaz estivesse a brincar, mas parece que não. Muito haveria para dizer mas o tempo é curto e a vontade pequena. Faco apenas a seguinte reflexão: se todos estes génios financeiros, responsáveis pela venda de oxigénio, principais causadores da crise que hoje vivemos e, cúmulo dos cúmulos, principais favorecidos com a mesma, estivessem todos fechados numa cave sem janelas…não seria este um mundo melhor? Para pensar durante o café do almoco. MAAAAS…li também que estamos cada vez mais perto de abrir a porta aos camaradas do FMI. Depois do chumbo do PEC IV era este o cenário lógico, pelo que não há supresa. O que me levou a pensar num mundo sem fronteiras. Os Portugueses (pelo menos os da minha geracão) terão agora que optar e escolher qual o comboio que querem apanhar. Os mais ingénuos acreditarão que esta crise é passageira, os mais informados já perceberam que o que hoje está a acontecer vai afectar TODO o nosso percurso professional. Nem todos estarão nessas condicões, felizmente. Algumas profissões estarão sempre em alta (médicos por exemplo), algumas empresas terão sempre lucro (cortica camaradas, cortica!!) mas para a maioria dos filhos de Abril o céu não será certamente o limite. Esta é a realidade. O Prós e Contras de 28 de Fevereiro foi, a propósito deste tema, bastante interessante. Muitos estudantes do ensino superior dividiam as suas opiniões. A maioria exigia emprego em Portugal e condicões de vida decentes. É lógico e faz todo o sentido. Aliás, a análise dos erros dos últimos 30 anos dava um bom livro para educar uma nova geracão de governantes. Mas, uma coisa é analisar erros e outra é ficar presa a eles. A asneira está feita e é o nosso futuro que está comprometido, certo, mas agora há que arranjar solucões. Bem podem ir para a rua, gritar e exigir. Com 10 anos de crescimento económico quase nulo, não há criacão de emprego que resista… Uma pequena fatia dos estudantes percebeu e disse isto, não colhendo qualquer simpatia na plateia. Mas é esta a realidade. Deixou de existir emprego para a vida na rua onde cresceram. Nem na mesma cidade ou no mesmo país. É isso que significa uma Europa sem fronteiras. Nós estamos a competir com Polacos, Húngaros, Eslovenos, etc. Fora das fronteiras da família europeia temos Chineses e Indianos à perna. A lógica é simples…temos que ir atrás do emprego. E temos que ser melhores que os restantes. Ninguém dá nada a ninguém. Não há atalhos ou paraísos com pastéis de bacalhau. Temos que estudar, investir na nossa formacão, aprender línguas, meter suor ao barulho e não ter medo. Se investigarem redes profissionais (tipo LinkedIn e outras que tal), encontram Portugueses espalhados pelo mundo em lugares de destaque. A razão pela qual somos apreciados noutras paragens e tratados como acéfalos em casa, sinceramente já me ultrapassa. As cartas estão na mesa e é a nossa vez de jogar. A sorte não entra na equacão.

Sem comentários: