quinta-feira, agosto 19, 2010

O papel higiénico


Li algures que a Suécia tem a carga fiscal mais alta do mundo. Entre a fatia que o Estado leva nos salários e os demais impostos a coisa ultrapassa os 50%. Nunca ouvi qualquer queixa a esse respeito. Faz sentido que assim seja...a aplicacão do dinheiro dos contibuintes está à frente dos nossos olhos. Escolas, creches, hospitais, parques verdes, zonas de banho, acessos para peões e ciclistas, campos desportivos, habitacão social, cursos de línguas para estrangeiros, seguranca social, longas licencas de maternidade/paternidade, conservacão do parque imobiliário e das vias de rodagem e por aí fora. Só um cego ou alguém com manifesta má vontade é que se pode queixar de pagar impostos num país destes (ou na Escandinávia quase que arriscava a dizer...).
Por mim, não me importo de pagar mais impostos se conseguiram alugar o sol por 6 meses.
Há no entanto uma excepcão, sem qualquer retorno ou razão de ser, e que me enerva particularmente, que é o estacionamento longe do centro da cidade. Não consigo perceber porque razão deve ser pago.
No centro da cidade, muito bem. Em Oslo e Estocolmo há uma portagem e o estacionamento é caríssimo. Em Gotemburgo ainda não há portagem mas também apertam no parquímetro. Acho muito bem...o centro da cidade deve ser um espaco agradável onde as pessoas possam andar e não uma nuvem de fumo e buzinas. Tudo bem.
Agora...longe do centro, em zonas habitacionais no meio do pasto? Pagar porquê? Por estar a parar o carro numa estrada construída e conservada com dinheiro dos impostos? Não faz sentido.
Já vi, fora da cidade, bairros isolados na imensidão do pasto, longe de tudo, onde o estacionamento é pago. Mas porquê? Alguém que não viva na zona vai ali deixar o carro e seguir a pé para o trabalho, 20 km mais à frente, montado numa vaca? Não. Claro que não.
Então porque razão tem uma pessoa que pagar para deixar o carro na rua onde mora, depois de já ter pago e de continuar a pagar essa mesma rua? Não faz sentido.
As estradas são públicas, pagas com dinheiro dos impostos. Cada bairro agrupa um conjunto de edifícios que são geridos por uma entidade. A esse entidade cada condómino paga uma espécie de "condomínio" (entre 250 e 600 eur) para a conservacão do bairro e manutencão dos edifícios (para além da renda que paga ao banco, claro). Ou seja, tudo o que ali está, dentro ou fora do prédio é pago por dinheiros públicos ou pelas pessoas que lá residem e depois, vem uma empresa privada, mete duas tabuletas e um parquímetro e passas a levar uma multa de 50 eur de cada vez que não quiseres pagar para dormir. Isto é um negócio da China! Ainda gostava de saber de quem são estas empresas que exploram estes parques. Limitam-se a aproveitar uma incapacidade logística (ninguém leva o carro para dentro de casa) para criar um negócio, onde o investimento é nulo e o lucro total. É como taxar o oxigénio. Brilhante.
Além de achar isto uma injustica de todo o tamanho, o corre-corre desta malta por todos os bairros mostra o nível de chupismo com que o negócio é gerido. Não percebo porque pactuam as autarquias com isto.
Mas enfim...já tive a minha conta em 4 anos.
Resolvi mudar o disco e tocar outra musica. A minha matrícula tem agora aquele "P" mágico com 4 números e 2 letras. Para o sistema de multas, funciona como a capa do Clark Kent para as balas.
Bem podem escrever nos papelinhos agora.

1 comentário:

Anónimo disse...

E agora estás por terras lusitanas e ainda não disseste nada!
Manda-me um email e combinamos um café, ou um pastel de belem!

já sabes o email mágico:

slb@altitude.com

Até já
Sandrinha