Comeco a ficar aborrecido com o frio.
Já chega.
Agora quero sentir a pele a derreter o perfume com os raios de sol.
Paciência tem limites. Inverno muito giro e tal mas venha lá o verão.
Pode ser amanhã.
Hoje ainda aguento.
E sinceramente...que gastromonia pode ter tal nome sem meter a palavra "grelha" no menú?
São muitos contras.
Desisti de encontrar um restaurante com grelhados.
Também me conformei com a proibicão legal de grelhar na varanda. Não quero que pensem que vim do Paquistão.
Agora...das brasas da lareira ninguém falou.
Será que temos aqui uma aberta?
Cheira-me que sim.
As últimas postas de bacalhau "gastas" na brasa e regadas com azeite e alho. Um mimo.
Duas notas importantes à navegacão: "últimas" significa que o próximo visitante nos fará o favor de trazer um norueguês fatiado e salgado na mala, "mimo" significa isso mesmo - estou em clara subida de forma na arte do domínio do tacho.
E, para além da barrigada, o que é que isto me trouxe?
Saudade.
Essa palavra tão cara.
Renova-se a pergunta: "quando voltas?"
Renovo a resposta: "não sei"
Renovo também o pensamento: "E quero?"
Que saudades.
Quanto mais tempo estou afastado mais saudades tenho do meu país, da minha cidade, daquelas pessoas.
Maior é o meu interesse.
Mais atentamente sigo a nossa realidade.
Com mais forca desejo ver indícios de evolucão, de subida ao primeiro mundo.
O que leio? O que ouco? O que vejo?
Um conselheiro de Estado que se "esquece" de contractos assinados em negócios de lavagem de dinheiro quando questionado no parlamento.
Quilómetros de fita com provas de corrupcão desportiva ignoradas e arquivadas porque o tipo de prova não é válida em tribunal.
Acordos assinados entre governos e concessionárias de estradas, sendo o ministro que assina aquele que mais tarde gere do lado privado.
Dinheiro dos contribuintes gasto sem qualquer pudor na construcão de estradas inúteis e no resgate de bancos com actividades ilegais.
Em pleno séc.XXI, Lisboa uma cidade cosmopolita, ainda manda 30% dos seus esgotos para o rio.
Um bloco central que usou e continua a usar 35 anos de democracia para distribuir e multiplicar cargos públicos por gente que nunca trabalhou na vida.
Um país (governo e populacão) que usou 17 anos de fundos da UE para crescer 0% e criar riqueza própria digna de um país como a Namíbia.
Um povo que insiste nas queixas e na dependência do Estado até à náusea.
Uma cultura de chico-espertice que parece querer reinar e onde trabalho e honestidade só dão acesso às filas de trânsito.
Um país destruído pelo cimento e pela corrupcão das autarquias.
Empresas onde o bom funcionário não é o que produz mas o que fica mais tempo.
Escolas que passam miúdos sem que estes tenham o mínimo de aproveitamento em nome das estatísticas, criando uma geracão que mal sabe falar e escrever.
Empregos onde uma geracão de académicos luta por salários que desaparecem na renda da casa.
Quilómetros de fita com provas de corrupcão desportiva ignoradas e arquivadas porque o tipo de prova não é válida em tribunal.
Acordos assinados entre governos e concessionárias de estradas, sendo o ministro que assina aquele que mais tarde gere do lado privado.
Dinheiro dos contribuintes gasto sem qualquer pudor na construcão de estradas inúteis e no resgate de bancos com actividades ilegais.
Em pleno séc.XXI, Lisboa uma cidade cosmopolita, ainda manda 30% dos seus esgotos para o rio.
Um bloco central que usou e continua a usar 35 anos de democracia para distribuir e multiplicar cargos públicos por gente que nunca trabalhou na vida.
Um país (governo e populacão) que usou 17 anos de fundos da UE para crescer 0% e criar riqueza própria digna de um país como a Namíbia.
Um povo que insiste nas queixas e na dependência do Estado até à náusea.
Uma cultura de chico-espertice que parece querer reinar e onde trabalho e honestidade só dão acesso às filas de trânsito.
Um país destruído pelo cimento e pela corrupcão das autarquias.
Empresas onde o bom funcionário não é o que produz mas o que fica mais tempo.
Escolas que passam miúdos sem que estes tenham o mínimo de aproveitamento em nome das estatísticas, criando uma geracão que mal sabe falar e escrever.
Empregos onde uma geracão de académicos luta por salários que desaparecem na renda da casa.
....
Desespero a seguir o rumo de Portugal.
E sofro com isso como nunca sofri.
A saudade aperta.
Gostar verdadeiramente cria uma trama de desilusões.
Voltar?
Como?
3 comentários:
sem uma ponta de ironia: é muito triste.
É o Portugal do corporativismo e do nepotismo entre outras coisas herdadas do tempo da ditadura.
Mas as saudades estão cá sempre. É preciso sair e ver o mundo para se dar valor às nossas coisas pequenas.
Mas, é verdade, acima de tudo é TRISTE... triste porque não se constrói um futuro só com isso.
Entendo cada palavra...
Eu, mesmo com este Portugal a cair no buraco não tive força para ficar por terras suiças e voltei.
Estou em casa e o resto logo se vê!
Para bem do teu futuro, espero que aguentes as saudades... se não aguentares...vens comer grelhados para cá!
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