O sol parece não querer abandonar as terras escandinavas.
Dias bonitos, sem chuva, um sol agradável e a t-shirt eleita novamente como toilette diária.
A saudade do pastel de nata esfuma-se (mas não desaparece) quando à simplicidade do dia se adiciona uma gota de sol.
" É mesmo isto! ", penso admitindo que a busca chegou ao fim.
Apesar da alegria interior, comporto-me de forma que, pelo menos para os meus padrões, me parece normal.
Gosto do sol, mas ele não me é estranho.
Muito menos novidade.
Já os locais não pensam o mesmo.
Cada raio de sol é aproveitado como se fosse o último.
A pele de bébé desaparece aos 30 anos e aos 50, é normal ver mulheres com 500 rugas por cm2 na zona do pescoco. Ficam com a pele em estado cortica, mas não perderam 1 minuto de sol.
Basta andar pela cidade a observar.
Pessoas encostadas a uma parede durante a hora de almoco.
O gajo do lixo estaciona o camião, tira a camisola e estende-se num banco.
A miuda na paragem do eléctrico, parada, de olhos fechados, virada para o sol como se uma estátua fosse.
Gente de biquini nos parques da cidade.
Não há ninguém no espaco interior.
As esplanadas enchem.
E atencão que o termómetro nem marca os 20 graus.
Em Lisboa, apesar dos 8 meses de sol, é raro ver tamanha devocão.
Há malta que anda despida e tal, mas é só ali na Av. do Brasil, perto daquela casa grande cor-de-rosinha.
De entre as formas que os vikings têm de abracar o sol, há uma que me diverte particularmente.
Mal o termómetro ultrapassa os sufocantes 18 graus, descalcam-se.
Andam pela cidade de chanatas na mão.
Não há o chamado cócó de cão semeado pelos passeios, o que desde logo, evita o slalom ginasticado e aquele desconforto de recorrer ao pauzinho de super maxi na sola dos pés.
Isso é óptimo sem dúvida.
O problema é que toda a imundice que não existe no dejecto animal é compensada com o vazamento pulmonar, also known as, the cuspidela.
Cuspir está para um sueco como cocar para um taxista com calca de vinco.
Eles e elas, passam o ano a forrar o pavimento para nos meses de verão calcarem a obra.
Por mim, tudo bem.
A este propósito, relato ainda a sofreguidão do passeio aqui em frente ao estaminé.
Depois de passar o portão da Volvo, tenho que andar não mais de 50m em alcatrão antes de entrar no escritório. Nesse percurso, faco o possível por me desviar das bombas da manhã.
Imagino-os sempre antes de entrar para o escritório: "Argghhh…só posso cuspir daqui a 3h….vou aproveitar cada metro deste alcatrão!!"
É penoso.
Fazê-lo descalco…ainda deve ser mais.
Mas enfim.
O sol está aí.
Vale tudo.
2 comentários:
'ca nojo!
Mas tenho inveja do sol. Por aqui, só chove!
Olá Tiago.
É a primeira vez que comento por aqui. Parabéns pelo teu blog. Também estou na Suécia, mas um pouco mais a Sul, em Malmö.
Felizmente, por aqui cospe-se menos :)
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