quinta-feira, outubro 11, 2007

O Ernesto










Passam este mês 40 anos sobre a morte de Che Guevara ( 9 Outubro 67 ).

Um pouco por toda a blogosfera abordou-se o tema "mito vs carrasco".

A direita e os seus orgãos oficiais (DN por exemplo) apressam-se a desmontar a imagem romântica do revolucionário. A esquerda defende-o, no que é possível defender.

A fotografia que está aí em cima, tirada em 60 por Albert Korda, serviu de inspiracão para a pintura (a vermelho) de Jim Fitzpatrick em 1968. É a segunda imagem mais reproduzida do mundo. Isso acontece porque depois do dia 9 de Outubro de 67, o dia em que Che foi assassinado, criou-se um mito.

Convém referir isto: Che Guevara não morreu em combate. Foi capturado e executado no dia seguinte para ser mostrado ao mundo. Como um animal.

A CIA sem querer criou um herói e Fidel, que foi o primeiro a mandá-lo para a morte, apanhou a onda e transformou-o na bandeira da revolucão.

As ideias de Che Guevara já não faziam sentido no século em que ele viveu. Queria unir a América Latina tal como Bolivar e achava que a luta armada era o caminho.

Uns anos antes alguém disse o mesmo: Estaline.

Por aqui se percebe que para Che Guevara a revolucão não era um meio para atingir a paz mas sim uma forma de vida. Viveu e morreu por esse ideal.

O bom senso obriga a dizer que Che era doido.

O problema é que a história reescreve-se a cada dia que passa e é interpretada individualmente. O bom senso não faz parte disto.

Para mim há um Che Guevara antes da Sierra Maestra e depois desse período.

Confesso a minha simpatia pela personagem que ajudou Cuba a livrar-se de um governo fantoche que servia apenas para gerir uma colónia de jogo e prostituicão para os vizinhos de Miami, que assistia um inimigo ferido como se de um companheiro se tratasse, que trabalhou nos campos cubanos, que ensinou camponeses a ler e que acreditava que o seu esforco poderia melhorar algo na vida dos que o rodeavam. Essa é a parte da lenda, que apesar de romântica, não deixa de ser verdade. Esta é a parte do personagem que para mim forma o mito e não mudará por muitas limpezas que a história da direita faca.

Se Che Guevara soubesse naquilo em que Fidel transformaria Cuba, talvez não tivesse passado 3 anos na Sierra Maestra, mas essa é outra história.

Depois dos primeiros anos em Cuba, regressou a faceta "revolucão a qualquer preco" e a quantidade de disparates não mais terminou até ao dia 9 de Outubro de 67.

Esta mistura de Bolivar com Estaline não cabe no séc.XX.

Contudo, não deixa de ser curioso constatar que, se por acaso Che tivesse continuado em Cuba a governar com Fidel, dificilmente se teria tornado num mito.

Estou certo que estaria igualmente morto, mas não por uma bala inimiga.

Basta pensar no que aconteceu a Cienfuegos e a todos os outros comandantes da revolucão que fizeram sombra a Fidel.

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