terça-feira, agosto 21, 2007

O companheiro da Rosa

Li numa parede qualquer que "estes são os 100 filmes que você não pode morrer sem ver".
Apesar de ser optimista, não sou utópico e sei que quando tiver 120 anos vou ter alguma dificuldade em não adormecer com duas horas de filme. Além do mais, e fazendo da matemática uma muleta preciosa posso afirmar que por essa altura, em 2097, já terão saído mais 30 Bond's (a média é de 1 em cada 3 anos) que eu terei que ver pelo menos 10 vezes, sobrando-me poucas horas para outras películas. Sim, porque ainda há que arranjar espaco para os jogos do Benfica e mesmo admitindo que em 2097 o Mantorras terá 30 anos, é sempre algo que não pode faltar na minha agenda cultural. E não vamos novamente discutir de que forma camisolas vermelhas e um hino do Luis Picarra podem figurar no CCB.
Somando a isso as futeboladas com a malta e as churrascadas de bifinhos de frango (são melhores para a tensão alta), sobrar-me-á pouco tempo para a 7a arte e por isso resolvi arrepiar caminho.
Nunca percebi muito bem porque é que um arrepio pode ser equivalente a um atalho. Pobres no bolso, mas ricos na língua.
Atalhei e comecei pelo Citizen Kane, a obra prima de Orson Welles. Diz quem percebe de isco que é um dos melhores filmes de sempre. Há muitas votacões que o colocam como "o" melhor filme de sempre.
Confesso que fiquei desiludido. Isto claro para ser educado e não dizer "grande m*****!!"
Mas é isso que eu penso. Grande e valente M****!!!
Resumindo a coisa fica assim:
Um gajo muito, muito rico (Kane) morre e a última palavra que diz é "Rosebud". Jornalistas investigam (e durante esse período, que é o filme todo, vão falando com outras pessoas que conviveram com Kane e nós, espectadores, vamos vendo como foi a vida deste) a possível origem desse nome. Percebemos como ele ficou rico, que negócios tinha, como era a sua vida amorosa, etc, etc. No fim, os investigadores desistem de perceber e enquanto algum do seu espólio é queimado vemos um trenó, presente de natal de uma mocidade distante a arder. O trenó tinha um nome que o fogo vai comendo: "Rosebud".
No leito da morte, um ricalhaco deixa para a posteridade como última palavra o nome de um trenó dos seus tempos de inocência.
E pronto. É isto.
Estou certo que alguém me pode explicar onde está o "uaaahh" deste filme.
É que eu não o encontrei. E fartei-me de procurar.

2 comentários:

Rosa disse...

É um filme de culto de qualquer jornalista que se preze :)
Eu gosto. Muito. Mas, a bem dizer, para eu gostar de um filme ele não tem que ter um "uaaahh". A simplicidade pode ser fascinante.

Anónimo disse...

Rosa,
aqui não é bem a simplicidade, é mais a inexistência de argumento :)