Este fim de semana (que foi de 3 dias! Ahh...aí não??Olha....deixem lá...sempre têm o Sol:)) fiz quase tudo o que queria há algum tempo: nada, nada e um pouco mais de nada. Deixei a pele das costas agarrada ao sofá depois do tempo que por lá passei. Filmes, filmes e mais filmes. Cheguei a ligar o neurónio naquela parte de mastigar para evitar morder a língua ou a bochecha, mas quanto ao resto foi só fazer cházinho e ronha em dose industrial. O momento energético do fim de semana aconteceu na estreia do forno. Sim, é verdade, aquilo funciona mesmo! Lasanha bem caseira (sim pai, já consigo fazer uma lasanha...) e toca de voltar para o sofá que o tempo não estava para marés.
Acordei hoje como se neste céu cinzento o Sol dançasse para mim. O corpo agradeceu e o cérebro bateu palmas. Pronto para retomar o trabalho fui para o comboio do costume. Estava calmo. Tranquilo e com uma boa disposição à prova de bala.
Chega o gordo.
Não o conheço, nunca o tinha visto mais magro.
Senta-se ao meu lado e não segura todo o seu ser numa cadeira. Há uma parte que cai como lava para a minha cadeira e aconchega-me do frio. Tudo bem..."gordos são sempre simpáticos", diz o poeta.
Este tinha aquele tipo de cara-lontra. Só de olhar para calvice prematura, para as 3 bogas que formavam o pescoço e para a expressão pouco enrugada que lhe moldava a face, percebia-se que era uma daqueles casos crónicos que aos 35 anos diz com orgulho no café: "Sair de casa dos meus pais?? Para quê?? Tenho comida e roupa lavada??". Entretanto fez 36 anos e pediu uma prima muito distante que até sabe fazer esparguete à bolonhesa (única forma de largar a mama) em casamento. Ofuscou-me logo pela manhã com os 3kg de ouro necessários para abraçar aquele dedo gorduchinho.
Começo a ver o meu filme. Tento concentrar-me no ecrã mas pelo canto do olho vejo este faminto badocha a trincar os dedos. 1, 2, 3, 4...troca de mão...1,2,3,4 e polegar. Não há descanso para as cabeças dos dedos e passados alguns minutos resolvi fechar os olhos. Aquela carnificina logo de manhã estava a deixar-me mal disposto. De vez em quando abria os olhos e via-o a olhar para o polegar, como quem admira um bilhete de lotaria premiado ou diz: "epá...este ainda respira!!!" Sem demoras reininciava a delapidação de peles a uma velocidade estonteante. O comboio ia em silêncio e não o vi cuspir nada, pelo que de pequeno almoço estamos falados. Eu saí do comboio passados 45 min e a refeição ainda estava nas entradas. Pelo tamanho da mala ele devia ir para Oslo, o que significava mais 3h de esfola-peles. Numa outra altura da minha vida isto ter-me-ia estragado o dia, mas depois de um fim de semana Zen, fiquei apenas com vontade de chamar o Guterres e a sua malta de apoio aos refugiados.
Aqueles dedos ficaram sem tecto.
4 comentários:
O Tiago e a sua saga contra os gordos, parte IV.
adoro a tua escrita....a forma como contas os detalhes do teu dia a dia e que muitas vezes nem se dá conta(eu pelo menos). depois de te ler fico sempre com um sorriso . tudo de bom. andreia
Andreia, volta sempre :)
ihihihih!
já tinha saudades de me rir à gargalhada com a forma delirante como descreves os pequenos eventos do dia-a-dia...:)
não fosse esse trauma com o Delgado e o mau gosto futebolístico e até tinhas piada, tu....:)
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