terça-feira, agosto 22, 2006
Na minha nuvem
Chove. Chove copiosamente como se não existisse amanhã. Estes gigantes louros que avisto da minha cadeira indicam-me que não estou na Costa Rica e que esta violência na janela não é o "El Nino", mas apenas o "fim do verão", segundo eles. Em tom de brincadeira dizem que fui eu que trouxe o mau tempo...nunca por aqui tinha chovido tanto nesta altura. Como??Eu?? Nem expliquei que no meu país estão mais de 30 graus e que a única coisa que eu podia trazer seria calor, muito.
O vidro balança com o vento e com o som dos relâmpagos. A minha barriga tenta imitá-lo e faz-me contorcer com dores. Maldito Sérvio...porque é que comi tanta salada com vinagre?? Nunca mais aprendo...
Não consigo ver o céu, tudo é cinzento, escuro e molhado.
Estes dias deprimem-me, não consigo evitá-lo. Quero ouvir música e levitar, soltar a imaginação e descobrir-me em paragens que o meu quotidiano teima em esconder. Não sei se existem, nem sequer sei onde ficam. Consigo senti-las e isso chega para me aquecer.
Envolto nestes pensamentos fui a uma agência de viagens, ver o que me reservava o "last minute". Tenho esta mania. Passo por uma agência de viagens e tenho que "decorar" a montra toda. Tenho que ver os preços, os destinos, as opções e imaginar-me em cada um desses sítios, colocando a mim próprio os prós e contras de cada escolha. Vejo as cidades onde fui e que gostava de rever, penso nas que não conheço e estabeleço uma prioridade para a descoberta. Normalmente para o fim da lista ficam aquelas onde habitualmente há atentados. Eu sei que isso pode acontecer em qualquer sítio, mas se há sítios onde DE CERTEZA acontecem, acabo por evitar. Gosto de fazer os cálculos e imaginar quanto custaria aquele "pequeno sonho", ou "aquele" ou ainda "o outro". Durante estes segundos a minha mente gira em torno de novas culturas, novas visões, novas sensações, novas aprendizagens.
Em regra, as viagens para destinos de praia nunca me seduziram. Para um português, com 800Km de costa e praia quase todo o ano, sempre me pareceu extremamente redutor ir para um "resort" e estar lá 1 semana a torrar ao sol. Sempre vi o viajar como uma hipótese de aprender, ver e falar com as gentes locais, enfim, ter experiências novas. Misturar água e cidade, sempre me pareceu por isso a melhor opção. No entanto, sempre quis ir a um desses "sítios de postal", onde tudo parece talhado pela natureza e as águas calmas e cristalinas. Ficará para um dia, estou certo.
Desta vez, passei a fase da montra e fui perguntar umas informações. Deve ser deseperante apanhar com um chato como eu, que faz 30000 perguntas, leva panfletos, preços de hotéis e tenta 5000 combinações possíveis de viagem e no fim diz: "Já tenho o que preciso para pensar. Adeus e muito obrigado." Nem uma toalha de praia me conseguem vender...
A senhora muito pacientemente explicou-me que na opção "last minute" o cliente compra um lugar no avião e um hotel para uma (ou duas) semana(s), mas apenas no aeroporto sabe qual é a "palhota" onde vai dormir. Um exemplo: num "last minute" para o Algarve, sabemos que aterramos em Faro e dormimos algures entre Sagres e Vila Real de Sto.António...Não me agrada muito confesso. Sou um bocado comichoso com o hotel. Não tenho dinheiro, mas tenho vícios (ninguém é perfeito!) e se dormir num sítio contra a minha vontade, já não é a mesma coisa...
A mesma funcionária, deu-me a entender que os preços variavam com o tempo (clima). Se chove é mais caro sair do país, se faz sol é mais barato. Tudo bem, eu espero...
Em todo o caso, com ou sem opção "last minute", constatei que é possível nesta altura do ano e por aproximadamente 40 contos ir para destinos tão variados como Turquia, Chipre, Espanha, Portugal, Croácia, Montenegro, Bulgária, Grécia, Tunísia, entre outros...claro que este pessoal procura essencialmente destinos de praia e sol, pois não há muito disso por aqui (pelo menos, não na forma a que nós europeus do sul estamos habituados), mas entre esses destinos, há alguns que deixam misturar o mar com a boa e velha cultura europeia. O que me agrada!
Se não é isto é aquilo, se não é aquilo é o outro. Sonhar, sonhar sem limite. Aí está algo para que tenho jeito!
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2 comentários:
Eu acredito que somos selectivos em relação aos sonhos e a todos pretendemos deitar a mão. Um dia, quem sabe... Também eu, como tu, não compreendo "a filosofia do entrecosto"... Também eu, todos os dias, passo na agência de viagens em busca de um sonho.
"filosofia do entrecosto"...gostei dessa expressão :)
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